SGHN está a receber múltiplas consultas sobre pautas de actuação nas zonas queimadas durante a última onda de fogos.

Para que as recomendações de SGHN cheguem a todos os interessados e simplificar a gestão das consultas, iremos publicando as respostas através deste meio.

Antes de nada, o primeiro que há que ter sempre presente são os objectivos das actuações de emergência post-incêndio:

  • Frear a degradación do solo e reduzir as perdas de solo e cinzas por erosión.
  • Favorecer à rápida recuperação das áreas queimadas.
  • Evitar os danos indirectos dos lumes sobre as zonas não queimadas, nomeadamente os cursos e massas de água.
  • Não afectar às zonas periféricas não queimadas, que actuarão de reservorio para a biodiversidade desde onde se produzirá a recolonización das zonas queimadas pela flora e a fauna.

PDF Imprimível PDF Tablet/ebook

O primeiro é obter as permissões necessárias

  • Em espaços naturais protegidos (Parques Naturais, Rede Natura 2000, etc), sejam terrenos privados ou públicos, nunca intervir sem consultá-lo antes com a Conselharia de Médio Ambiente.
    Em terrenos privados (mais de 90% dos montes galegos) solicitar previamente a permissão de o(s) proprietário(s), sejam particulares ou comunidades vicinais de montes em mãos comum.
    Em terrenos públicos ou privados conveniados ou consorciados com a administração, solicitar previamente a permissão da administração que o gira (Conselharia de Meio Rural, Câmaras municipais,…).

O segundo é planificar o trabalho

Avaliar a situação do terreno queimado

É imprescindível avaliar a situação do terreno para decidir se é preciso ou não intervir, e priorizar as zonas de actuação. Inclusive num mesmo lume normalmente os danos na vexetación e nos solos são muito variables. Coma amostra recomenda-se olhar este video no que se vêem, num rádio de 100-150 m, exemplos de severidade do lume sobre o solo e a vexetación muito diferentes.

Priorizar as zonas de intervenção

  • As zonas com árvores que sofreram lume de taças que consumiu completamente as folhas/acículas e, especialmente, as zonas de mato em que a vexetación se calcinou totalmente (ou case) são zonas de intervenção prioritária.
  • A prioridade é maior nas zonas em que o lume afectou mais intensamente ao solo: não fica (ou case) camada de follasca chamuscada sobre o solo, as cinzas são branco-grisáceas em lugar de pretas e o solo mudou de cor até mais de um par de centímetros de profundidade.
  • A prioridade é maior em zonas de pendente e/ou próximas a rios/regatos ou captações de água para abastecimento.
  • NÃO é necessário nem conveniente intervir nas zonas planícies ou de pouca pendente, onde a severidade do lume foi baixa, com árvores ou arbustos nas que as taças estão chamuscadas mas não se consumiram pois as folhas protegerão de modo natural o solo contra a chuva enquanto se mantêm na árvore e também quando caiam nos próximos dias/semanas pois proporcionarão uma camada de follasca que cobrirá o solo. Nestas zonas é preferível deixar que actue a regeneração natural.

Seleccionar a actuação mais ajeitada

Nas zonas de risco grave de erosión (alta severidade do lume e forte pendente), pode ser recomendable adoptar medidas de protecção do solo, entre as que as mais eficazes são as seguintes:

  • Sementeira de vexetación ajeitada:
    • NÃO faz sentido semear ou plantar árvores nestes momentos, pois NÃO serão capazes de fazer uma coberta vexetal protectora do solo antes das chuvas invernais. Pisotear o solo queimado e fazer buracos para semear landras ou castanhas agora mesmo é contraproducente.
    • A vexetación ideal são as plantas herbáceas pois medram rápido gerando um “paraguas” protector do solo e um entramado denso de raízes que ajudam a reter o solo e as cinzas. Mas é imprescindível ter em conta o seguinte:
      • Para restaurar os solos queimados o ideal é empregar sementes de espécies silvestres autóctonas, mas pode resultar muito dificil ou impossível conseguí-las.
      • Como alternativa podem-se empregar sementes de cereais(centeo, trigo de inverno), a ser possível de procedência local, quanto mais perto melhor para não contribuir a espalhar espécies não desejadas.
      • Desaconselha-se o emprego de sementes comerciais de espécies pratenses (como as empregado nos prados e pasteiros artificiais) e de outras espécies de procedência desconhecida pois a miudo contêm misturadas sementes de espécies exóticas invasoras.
  • Criar um “tapete” com palha ou viruta de madeira. No caso da palha uma dose eficiente é de 200 gramas por metro quadrado (não faz falha mais) e, como normalmente contém algumas sementes, o recomendable é empregar palha de procedência o mais próxima possível (por exemplo de um vizinho que a colleitou), para evitar assim o risco de introdução de espécies não desejadas, mesmo exóticas invasoras. Se a palha disponível não é suficiente, pode-se aplicar em faixas alternas ao longo das curvas de nível.
  • Em datas outonais como as presentes, uma alternativa à palha poderiam ser as folhas de árvores caducifolias que recolhem os serviços de parques e jardins de vilas, cidades, campus universitários, etc. Neste caso haverá que prestar especial atenção a que as folhas estejam o mais livres possível de papéis e, sobretudo, outros resíduos. No caso de haver no parque espécies ornamentais potencialmente invasoras haveria que extremar as precauções para que as folhas estivessem livres de sementes. 

Pautas de intervenção

  • Para calquer tipo de intervenção recomenda-se evitar, ou reduzir ao mínimo absolutamente imprescindível, o pisoteo de gente e o trânsito ou operação de maquinaria pesada na superfície queimada. Na medida do possível, circular sempre por caminhos, pistas e cortalumes. Não arar, “rippear”, subsolar (e muito menos pela linha de pendente) ou aterrazar o terreno.
  • Não fertilizar nem caiar, pois as cinzas têm suficientes nutrientes e já incrementaram o pH do chão.
  • Não cortar as árvores e arbustos que possam rebrotar e, na medida do possível, demorar a talha das árvores madeirables que não possam rebrotar.
  • Com os pinheiros queimados há o risco de que lhes afectem pragas que deprecian a madeira e que poderiam esténderse às árvores sãs, mas os peritos no tema indicam que a sua curta poderia retrasarse até uns 3-4 meses sem problemas. Posto que se dispõe de 3-4 meses, seria recomendable que nunca se talhem ladeiras inteiras com pendente senão que se talhem faixas alternas ao longo das curvas de nível, que se adoptem medidas para recuperar os chãos nessas faixas e quando comece a recuperar-se a vexetación herbácea nelas aos 3-4 meses se talhem as faixas restantes, nas que logo se adoptarão as medidas para recuperar os solos.
  • Nas faixas de arboredo madeirable que se talhem, dever-se-iam conservar as gaias e os restos de curta sobre o terreno fazendo faixas com eles pelas curvas de nível para que protejam ao chão da escorrentía e erosión.
  • Nas zonas de arbolado não madeirable, poder-se-iam talhar algumas árvores alternas e deitá-las sobre o chão pelas curvas de nível, apoiados contra as árvores que não se cortem (ou contra rochas), de tal modo que não rodem pela pendente. Assim farão de pequenas terrazas “naturais” que freiem a escorrentía e a erosión; algo similar poder-se-ia fazer na zonas de mato de grande porte que se queimaram.

Para técnicos e gestores recomendamos a leitura do protocolo de Acciones Urgentes contra la Erosión en áreas Forestales Quemadas. Guía para su planificación en Galicia elaborado per um grupo de pesquisadores e técnicos do Centro de Investigação Florestal de Lourizán (Xunta de Galícia), o Instituto de Investigações Agrobiológicas de Galícia (IIAG-CSIC), a Universidade de Santiago de Compostela e a Universidade de Vigo.

Pautas de actuação com a fauna

Qué faço se encontro um animal ferido ou aparentemente indefeso?

No caso de localizar algum animal silvestre ferido o melhor é comunicá-lo a um dos centros de recuperação de fauna e seguir as suas indicações. Lembra que um animal silvestre pode ser potencialmente perigoso, sobretudo se está ferido, tem criações perto ou se sente ?acorralado? pela gente, por muito bom intuito que tenham os que queiram ajudá-lo.

  • A Coruña: CRFS de Santa Cruz de Oleiros. Lugar: Santa Cruz de Liáns (Oleiros). Teléfonos: 881960405 – 686597745.
  • Lugo: CRFS de O Veral (Lugo). Lugar: Estrada de Friol s/n (Lugo). Teléfonos: 982828441 – 649 668922 – 649 668923.
  • Ourense: CRFS Alto de O Rodicio : Lugar: Alto do Rodicio (Maceda). Teléfonos: 988 302051 – 628 358652.
  • Pontevedra: CRFS de Cotorredondo. Lugar: Lago de Castiñeiras s/n. ( Vilaboa). Teléfonos: 986 680390 – 606 656017.

No caso de encontrar algum animal doméstico ferido o melhor seria avisar aos vizinhos das casas ou do povo mais cercano para encontrar ao seu proprietário. Como alternativa poder-se-ia avisar aos centros de recuperação de fauna, a protecção civil ou a polícia autárquica. Lembra sempre que mesmo um animal de companhia geralmente muito carinhoso pode-se comportar de um modo agressivo quando está enfermo, ferido ou se sente acorralado..

Devo levar comida ao monte para os animais?

Lamentavelmente a meirande parte dos animais morreram. Só sobreviveram as aves e mamíferos grandes que puderam fugir voando ou correndo se não estavam perto do lume. Não o percebemos como necessário. Perguntam-nos se levar pan é prexudicial, consideramos que não. O aproveitarão sobretudo córvidos.

Outras recomendações

Como desplazarnos pelo monte?

Desaconselhamos ir ao monte salvo para acções concretas e organizadas. Usar sempre os sendeiros, já que pisar fora dos caminhos favorece a erosión.

Bons intuitos e bons resultados

LEMBRA SEMPRE: Um bom intuito não tem por qué dar bons resultados, eso sí, precisamos o bom intuito e as ganas de todos para obligar as administrações a que cumplan o seu papel, o trabalho para o que os temos elexido e para o que lhes pagamos todos os dias. Por eso recomendamos encarecidamente que façais questão de chamar à:

solicitando a organização de actividades de voluntariado dirigidas e organizadas, e oferecendo-vos como voluntários. A maiores e muito importante, há que seguir a apoiar as economias locais para suavizar as perdas que inevitavelmente vão ter.

E um último conselho, as zonas verdes que permanecem vão ser o refúgio e alimento da fauna que sobrevivíu e da própria do lugar, portanto é muito importante não detraer o alimento que vão precisar (por exemplo, castanhas, landras, frutos vários,…) pois supõem a sua possibilidade de sobrevivência e a sua futura reproducción.

Muitas gracias pelo vosso interesse e ganas, entre todos devemos tentar reverter esta situação.